quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Blogueira cubana ou Oscar 2013?

Pensei em falar sobre a polêmica da blogueira cubana Yoani Sánchez (aquela que criou, em 2007, o blog Generación Y para falar sobre as mazelas de Cuba e que, por conta disso, é perseguida em seu país). Polêmica porque a visita da jornalista ao Brasil foi marcada por manifestações antidemocráticas, lideradas por alguns defensores do regime ditatorial cubano. E pensar que muita gente se orgulha em dizer que no Brasil pós-regime militar temos uma democracia coroada pela liberdade de expressão .... blá blá blá....
Bom, mudei de idéia e sobre esse assunto resolvi apenas registrar a curta, porém, sensata opinião de Frederico Vasconcelos, jornalista da Folha de S. Paulo:

"As ditaduras são feitas de cadáveres e prisões. Não existe a figura do bom ditador. Sejam de direita ou de esquerda, ditaduras são igualmente infernais". 

Então, acabei por optar por outro assunto: o Oscar 2013. Mas não vou falar sobre filmes, atores ou diretores premiados. Assisti uma boa parte da entrega do Oscar e algo me chamou muito a atenção: barba está na moda e...  sim, pode deixar os homens muito charmosos, ao contrário do que a Gillette está querendo nos fazer acreditar com sua atual campanha publicitária...
Só faltava essa agora: Gillette querendo impor um novo padrão estético.....


Fonte da imagem: kibeloco.com.br

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

E aí, curtiu? ou A Síndrome da Falta do "Curti"

 "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão".
Renato Russo


Ah o Facebook! Que lugar maravilhoso de se viver... todo mundo é muito feliz. Não simplesmente feliz: eu disse MUITO feliz. É como navegar num mar de sorrisos e felicidade. Excepcionalmente, algumas notícias de luto. Mas as pequenas mazelas do dia-a-dia não, isso não! Eu tenho a sensação que o Facebook é como um jornal onde só as notícias boas ganham manchete.
Bom, mas se a pessoa cria um cenário onde tudo é belo, divino e maravilhoso, ela está buscando o quê? Aplausos, claro!  E quando eles não aparecem, vem aquela sensação: "puxa, eu fiz isso e ninguém curtiu"? Ou: aquela minha amiga não é tão amiga assim, afinal ela não "curtiu".

Recentemente ouvi uma bizarrice dessas, contada por amigo. A esposa foi lhe relatar que um vizinho e conhecido de longa data reclamou que ele estava muito frio e distante, lhe dando pouca atenção, pois mesmo depois de inúmeras postagens de suas atividades ele não lhe deu nenhum "curti". Isso soou tão surreal que ele acessou a página do fulano e foi dando "curti, curti, curti" em todas as postagens, contou. A situação foi muito hilária e rendeu boas risadas. 

Mas eu fiquei com isso na cabeça. Nossa, será que tem tanta gente assim com a auto-estima tão detonada que necessita desesperadamente da admiração pública ou são ataques compulsivos de narcisismo?! O que é essa busca desenfreada por um curtir? Um rompimento com a realidade, uma massagem diária no ego, uma compensação ou uma terapia? Luli Radfahrer, um grande estudioso de mídia eletrônica no Brasil, em reportagem da Revista TPM, disse que hoje em dia é muito fácil correr o risco de ficar carente do “curti”. Se uma pessoa depende dos aplausos dos outros, pode começar a fazer qualquer coisa para garantir isso.” Como consequência, Radfahrer vê as pessoas tratando a própria vida como uma mídia. “A vida não é cinza nem colorida. Mas, quando vira entretenimento, o indivíduo se sente obrigado a fazer uma programação florida todos os dias. É um Show de Truman voluntário”, diz.

Exceção feita ao uso do Facebook para divulgar empresas e produtos, para o que realmente serve o botão curtir? No caso do nosso amigo e seu vizinho, o "curtir" talvez fosse uma medida para saber se realmente o outro estava se importando com ele, se estava seguindo seu passos... mas nesse caso, bastava puxar o celular e dizer: "amigo, estou sentindo sua falta... faz tempo que a gente não se fala!".

Não, nem celular, nem e-mail nenhum iriam suprir a falta do "curti", porque este sim é público. O papo com choppinho gelado regando a conversa dos dois amigos jamais teria o mesmo impacto que um "curti" visto por várias pessoas. É como aquela velha piada do homem em uma ilha deserta que encontra a Sharon Stone (a piada é velha, né?), transa algumas vezes e depois perde o interesse. Aí tem uma grande idéia: pede para que ela se vista de homem para ele poder contar para alguém que transou com a atriz gostosona. 

Tanto barulho por nada!

O que significa o botão curtir? 
Para o especialista Luli Radfahrer, “ele não significa nada. É equivalente a uma palma protocolar, um tapinha nas costas, um sorriso. E é tão efêmero quanto. Se você dissesse pra mim: ‘Nesta semana recebi 180 sorrisos’, eu diria que você precisa de um psiquiatra urgente. Porque não se acumula esse tipo de coisa. É uma coisa bacana, espirituosa e bem colocada que você falou. As pessoas sorriram e pronto. Todo mundo move adiante. O problema é, na verdade, que o "curti" se acumula, paralisa no tempo. E daí o indivíduo valoriza isso. E começa a falar: ‘Contei uma piada e ninguém riu. Meu Deus! Então vou contar uma piada mais incorreta para achar alguém para rir’.

Tá bom. Mas nem todo mundo concorda com o especialista. E para pessoas como o vizinho do nosso amigo lá em cima, um grupo de pesquisadores do MIT (Massachusetts Institue of Technology) achou a solução: trata-se de uma jaqueta que abraça a pessoa toda vez que alguém curte seu status no Facebook. Sim, é verdade. Chama-se  Like-A-Hug (trocadilho que pode ser tanto “como um abraço” quanto “curta um abraço” ) e a imitação de abraço funciona por meio de um sistema conectado ao Facebook que infla a jaqueta, dando uma leve apertadinha na pessoa toda vez que alguém curte uma foto, vídeo ou frase. E dá pra retribuir o gesto de carinho: é só se dar um "auto-abraço" para desinflar o casaco. 
Ah! Mas pra receber a retribuição, a outra pessoa também deve estar vestindo a jaqueta.