Seus textos dispensam descrição e graças à Internet (felizmente!) pode ser apreciado por quem gosta de uma boa escrita, recheada de talento e sensibilidade.
Certa vez ele escreveu sobre a morte, numa crônica chamada "Sobre a morte e o morrer". Vale a leitura. Abaixo, só uma amostrinha, para despertar o desejo de devorá-la.....
... Dir-me-ão que é dever dos médicos fazer todo o possível para que a vida continue. Eu também, da minha forma, luto pela vida. A literatura tem o poder de ressuscitar os mortos. Aprendi com Albert Schweitzer que a “reverência pela vida” é o supremo princípio ético do amor. Mas o que é vida? Mais precisamente, o que é a vida de um ser humano? O que e quem a define? O coração que continua a bater num corpo aparentemente morto? Ou serão os ziguezagues nos vídeos dos monitores, que indicam a presença de ondas cerebrais?
Confesso que, na minha experiência de ser humano, nunca me encontrei com a vida sob a forma de batidas de coração ou ondas cerebrais. A vida humana não se define biologicamente. Permanecemos humanos enquanto existe em nós a esperança da beleza e da alegria. Morta a possibilidade de sentir alegria ou gozar a beleza, o corpo se transforma numa casca de cigarra vazia...
(Foto: Instituto Rubem Alves)